oramos juntos?
Por que meu marido e eu nunca oramos juntos?
Por Jaime Kemp
Vida Cristã/Família Por Jaime Kemp
A máscara cai e cada um se mostra como realmente é.
- Meu marido é uma ilha misteriosa. Estou, com um barco, dando voltas e mais voltas ao seu redor, procurando um lugar para atracar.
- Minha esposa é um livro fechado o qual não tenho permissão para abrir. Sei o que a deixa brava, mas é só isso que consigo saber sobre ela!
Foi simplesmente impossível esquecer estas frases! As épocas, situações, ambientes eram diferentes, mas no fundo, as duas pessoas estavam desesperadamente buscando por intimidade, sem conseguir encontrá-la no casamento. Que triste!
Em meus seminários, quando falo sobre intimidade conjugai, geralmente cito Gênesis 2.25: "... o homem (Adão) e sua mulher (Eva) estavam nus e não se envergonhavam ". Às vezes me questiono: "Será que estou conseguindo comunicar a importância de desenvolver intimidade no casamento?" Essa dúvida sempre me acomete quando entro no tópico do casal orar junto.
Numa pesquisa realizada pelo ministério Lar Cristão descobrimos que pouquíssimos casais oram juntos. Não me refiro a uma oração à mesa, agradecendo a refeição. Tenho em mente um compartilhar íntimo com o Pai do Céu, onde nossos sentimentos, frustrações, alegrias, medos e tentações são expostos a nosso cônjuge.
Algumas das respostas foram:
IMPORTÂNCIA - O item oração, não recebe a importância necessária para que o casal tome a iniciativa de fazê-lo juntos.
DESÂNIMO - Por não enxergarem a Deus respondendo suas orações;
FALTA DE AMIZADE - Não são amigos suficientemente íntimos a ponto de abrirem seus corações um para o outro.
Francamente, o resultado dessa pesquisa mexeu muito comigo. São inúmeros os casais que se encontram desapontados e desiludidos devido a não atingirem o alvo proposto nas áreas de relacionamento. Nós, seres humanos, somos realmente atrapalhados, por isso. precisamos de um caminho seguro para trilhar. Vamos, então, às Escrituras. Ali, encontramos o Arquiteto da Família falando sobre intimidade. A Bíblia, no contexto do casamento, usa a palavra unidade para descrever intimidade. Gênesis 2.22, quando usa as palavras "se une", está querendo dizer um comprometimento bi-lateral (de um para com o outro). Temos ali, também, a idéia de suprir as necessidades um do outro, de ser companheiro um do outro e de aliviar a solidão inerente ao ser humano.
Minha esposa conta uma história que ilustra perfeitamente essa nossa necessidade de intimidade.
"Uma garotinha dormia à noite em sua cama, quando começou uma forte tempestade com relâmpagos e trovões. A criança acordou assustada, correu ao quarto de seus pais e subiu na cama no meio de ambos. O pai, acordando, perguntou o que ela estava fazendo ali. Ela respondeu:
- Papai, eu estou com medo!
- Minha filha, disse o pai, você não precisa ficar com medo porque Jesus está com você.
- Papai, eu sei que Jesus está comigo, mas eu preciso tocar em alguém de carne e osso!
Deus criou o ser humano com um profundo desejo de ter ao seu lado alguém de "carne e osso". Creio que Ele também teve esse desejo pois caminhava com o homem na viração do dia, no Jardim do Éden. Um dos propósitos da existência do casamento é exatamente esse, oferecer ao ser humano uma forma de abrandar a necessidade de intimidade. Gostaria de dizer aos solteiros que, eu acredito (não posso provar, é só uma idéia feita por analogia) que inicialmente, a proposta de Deus era que todos se casassem, pois tudo e todos vinham aos pares. Depois, com a entrada do pecado, por algum motivo, isso não pode ter continuidade. Posso estar errado, mas de alguma forma, isso pode confortar alguém hoje, que não é solteiro(a) por opção.
O relacionamento marido & esposa foi idealizado para:
1. Refletir a imagem de Deus e a intimidade existente entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
2. Refletir o quadro de intimidade e amor permanentes no relacionamento de Jesus Cristo com sua noiva, a Igreja.
Se ambas ilustrações são verdade (e são!), o que podemos fazer para desenvolver e manter um íntimo relacionamento conjugal?
Não existe uma lista dessas na Bíblia, mas creio que em Gênesis 2.24-25, encontramos algumas indicações:
1. Deixar - O conselho de Deus é que, ao nos casarmos, deixemos pais e familiares. Isso não significa abandoná-los, mas sim dar prioridade ao novo relacionamento. Casamento implica em que um homem e uma mulher dêem prioridade um ao outro. Para experimentar as delícias da intimidade é necessário que um considere o outro superior a si e que cada decisão seja tomada tendo em vista não eu, mas nós!
2. Unir - A palavra hebraica significa colar, grudar ou cimentar. Não há nada passivo nesse processo. É uma escolha proposital, lúcida, de criar elos por toda uma vida.
No aconselhamento conjugai, quando um dos cônjuges diz:
- Estou sufocando(a), preciso de espaço! - costumo perguntar o que está por trás disso. Espaço, em um bom casamento, significa um tempo particular para atividades como pescar, trabalhar no jardim, ler, etc. Esses momentos podem oferecer refrigério às nossas mentes. O perigo vem, quando um cônjuge vai além dessa necessidade inicial, se distanciando emocionalmente do outro utilizando esse espaço como fuga e até numa busca camuflada de outra companhia do sexo oposto. É necessário que eles percebam qual o objetivo genuíno desse espaço - o que ele produzirá, um reencontro que os aproximará mais, ou um distanciamento ainda maior? Olhos abertos...
3. Uma só carne - O plano de Deus é que expressássemos essa unidade com nossos corpos, almas c espíritos. Parte dessa expressão é o ato sexual, que também deve ser emocionalmente prazeroso e espiritualmente recompensador.
A experiência de uma só carne é explosiva c deve ser tratada com muito cuidado. Ela pode vir a ser uma bênção ou uma maldição. Um casal não poderá ir muito longe no desenvolvimento de intimidade no casamento se negligenciarem a dimensão sexual. A entrega de si mesmo ta/ parte do caminho para a intimidade total.
Quando a experiência de DEIXAR, UNIR e UMA SÓ CARNE acontece, o resultado é nudez em cada uma das esferas. (Gênesis 2.25). A máscara cai e a cada um se mostra como realmente é. A nudez espiritual, propicia o orar juntos, (refiro-me à oração tipo lavar a alma, e não àquelas formais). Tendo em vista essa nudez espiritual, que ocasiona uma maior intimidade entre o casal, gostaria de citar algumas dicas que nos foram deixadas pelo Pai:
1. Tratar com consideração um ao outro (1 Pe 3.7). Pedro diz que nossas orações são interrompidas quando não tratamos nossos cônjuges dessa forma.
2. Ser pró-ativo ao cultivar intimidade. Isto significa "fazer as coisas acontecerem". Tomar os passos necessários para gastarem um tempo juntos, só os dois. Talvez para isso seja necessário desligar a TV, mandar as crianças para a casa da mãe, ou deixar alguém tomando conta delas enquanto o casal vai jantar fora (se estiverem duros, façam um piquenique, comam sanduíches), vai passar um fim de semana na praia, no campo, etc. Há quem diga que isso é coisa de gringo. Não é! Em qualquer lugar do mundo, no passado, presente ou futuro, a intimidade sempre teve, tem e terá um preço para ser conquistada. Gastar tempo é um deles.
3. Disposição para compartilhar sentimentos íntimos com o cônjuge. No início, pode ser difícil, mas aos poucos, o desnudar-se emocionalmente, também passará a ser algo mais natural. A arte da comunicação vai sendo assim, aos poucos, desenvolvida.
4. Afeto e ternura freqüentes em momentos que não necessariamente terminem em relação sexual.
5. O fato do casal resolver seus conflitos, exercitar paciência um com o outro, reconhecer e
apreciar as diferenças entre si e, talvez o mais difícil, tornar-se vulnerável ao cônjuge, são atitudes que também contribuem para o desenvolvimento da intimidade do casal.
O tema deste artigo é sobre intimidade ou sobre o casal orar junto? Sobre o casal orar junto... mas abordei tão pouco sobre isso, não é? Sabe por que? Porque creio firmemente que a intimidade é o fator determinante para que um casal cristão consiga ter uma vida de oração eficaz. Por isso tomei o maior espaço possível para compartilhar alguns princípios que têm sido importantes em minha vida de oração conjugai, e oro para que eles também sejam valiosos para cada um de nossos leitores.
Chegar ao ponto de compartilhar do íntimo de nosso ser com o Pai Celestial, juntamente com nosso cônjuge, é um processo, é trabalhoso, mas as recompensas interiores tais como a perda do medo de rejeição e o alívio de poder ser autêntico (a) tornam-se bálsamos para toda família.
Fonte: Revista Lar Cristão - Ano 15 - número 62
Por Jaime Kemp
Vida Cristã/Família Por Jaime Kemp
A máscara cai e cada um se mostra como realmente é.
- Meu marido é uma ilha misteriosa. Estou, com um barco, dando voltas e mais voltas ao seu redor, procurando um lugar para atracar.
- Minha esposa é um livro fechado o qual não tenho permissão para abrir. Sei o que a deixa brava, mas é só isso que consigo saber sobre ela!
Foi simplesmente impossível esquecer estas frases! As épocas, situações, ambientes eram diferentes, mas no fundo, as duas pessoas estavam desesperadamente buscando por intimidade, sem conseguir encontrá-la no casamento. Que triste!
Em meus seminários, quando falo sobre intimidade conjugai, geralmente cito Gênesis 2.25: "... o homem (Adão) e sua mulher (Eva) estavam nus e não se envergonhavam ". Às vezes me questiono: "Será que estou conseguindo comunicar a importância de desenvolver intimidade no casamento?" Essa dúvida sempre me acomete quando entro no tópico do casal orar junto.
Numa pesquisa realizada pelo ministério Lar Cristão descobrimos que pouquíssimos casais oram juntos. Não me refiro a uma oração à mesa, agradecendo a refeição. Tenho em mente um compartilhar íntimo com o Pai do Céu, onde nossos sentimentos, frustrações, alegrias, medos e tentações são expostos a nosso cônjuge.
Algumas das respostas foram:
IMPORTÂNCIA - O item oração, não recebe a importância necessária para que o casal tome a iniciativa de fazê-lo juntos.
DESÂNIMO - Por não enxergarem a Deus respondendo suas orações;
FALTA DE AMIZADE - Não são amigos suficientemente íntimos a ponto de abrirem seus corações um para o outro.
Francamente, o resultado dessa pesquisa mexeu muito comigo. São inúmeros os casais que se encontram desapontados e desiludidos devido a não atingirem o alvo proposto nas áreas de relacionamento. Nós, seres humanos, somos realmente atrapalhados, por isso. precisamos de um caminho seguro para trilhar. Vamos, então, às Escrituras. Ali, encontramos o Arquiteto da Família falando sobre intimidade. A Bíblia, no contexto do casamento, usa a palavra unidade para descrever intimidade. Gênesis 2.22, quando usa as palavras "se une", está querendo dizer um comprometimento bi-lateral (de um para com o outro). Temos ali, também, a idéia de suprir as necessidades um do outro, de ser companheiro um do outro e de aliviar a solidão inerente ao ser humano.
Minha esposa conta uma história que ilustra perfeitamente essa nossa necessidade de intimidade.
"Uma garotinha dormia à noite em sua cama, quando começou uma forte tempestade com relâmpagos e trovões. A criança acordou assustada, correu ao quarto de seus pais e subiu na cama no meio de ambos. O pai, acordando, perguntou o que ela estava fazendo ali. Ela respondeu:
- Papai, eu estou com medo!
- Minha filha, disse o pai, você não precisa ficar com medo porque Jesus está com você.
- Papai, eu sei que Jesus está comigo, mas eu preciso tocar em alguém de carne e osso!
Deus criou o ser humano com um profundo desejo de ter ao seu lado alguém de "carne e osso". Creio que Ele também teve esse desejo pois caminhava com o homem na viração do dia, no Jardim do Éden. Um dos propósitos da existência do casamento é exatamente esse, oferecer ao ser humano uma forma de abrandar a necessidade de intimidade. Gostaria de dizer aos solteiros que, eu acredito (não posso provar, é só uma idéia feita por analogia) que inicialmente, a proposta de Deus era que todos se casassem, pois tudo e todos vinham aos pares. Depois, com a entrada do pecado, por algum motivo, isso não pode ter continuidade. Posso estar errado, mas de alguma forma, isso pode confortar alguém hoje, que não é solteiro(a) por opção.
O relacionamento marido & esposa foi idealizado para:
1. Refletir a imagem de Deus e a intimidade existente entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
2. Refletir o quadro de intimidade e amor permanentes no relacionamento de Jesus Cristo com sua noiva, a Igreja.
Se ambas ilustrações são verdade (e são!), o que podemos fazer para desenvolver e manter um íntimo relacionamento conjugal?
Não existe uma lista dessas na Bíblia, mas creio que em Gênesis 2.24-25, encontramos algumas indicações:
1. Deixar - O conselho de Deus é que, ao nos casarmos, deixemos pais e familiares. Isso não significa abandoná-los, mas sim dar prioridade ao novo relacionamento. Casamento implica em que um homem e uma mulher dêem prioridade um ao outro. Para experimentar as delícias da intimidade é necessário que um considere o outro superior a si e que cada decisão seja tomada tendo em vista não eu, mas nós!
2. Unir - A palavra hebraica significa colar, grudar ou cimentar. Não há nada passivo nesse processo. É uma escolha proposital, lúcida, de criar elos por toda uma vida.
No aconselhamento conjugai, quando um dos cônjuges diz:
- Estou sufocando(a), preciso de espaço! - costumo perguntar o que está por trás disso. Espaço, em um bom casamento, significa um tempo particular para atividades como pescar, trabalhar no jardim, ler, etc. Esses momentos podem oferecer refrigério às nossas mentes. O perigo vem, quando um cônjuge vai além dessa necessidade inicial, se distanciando emocionalmente do outro utilizando esse espaço como fuga e até numa busca camuflada de outra companhia do sexo oposto. É necessário que eles percebam qual o objetivo genuíno desse espaço - o que ele produzirá, um reencontro que os aproximará mais, ou um distanciamento ainda maior? Olhos abertos...
3. Uma só carne - O plano de Deus é que expressássemos essa unidade com nossos corpos, almas c espíritos. Parte dessa expressão é o ato sexual, que também deve ser emocionalmente prazeroso e espiritualmente recompensador.
A experiência de uma só carne é explosiva c deve ser tratada com muito cuidado. Ela pode vir a ser uma bênção ou uma maldição. Um casal não poderá ir muito longe no desenvolvimento de intimidade no casamento se negligenciarem a dimensão sexual. A entrega de si mesmo ta/ parte do caminho para a intimidade total.
Quando a experiência de DEIXAR, UNIR e UMA SÓ CARNE acontece, o resultado é nudez em cada uma das esferas. (Gênesis 2.25). A máscara cai e a cada um se mostra como realmente é. A nudez espiritual, propicia o orar juntos, (refiro-me à oração tipo lavar a alma, e não àquelas formais). Tendo em vista essa nudez espiritual, que ocasiona uma maior intimidade entre o casal, gostaria de citar algumas dicas que nos foram deixadas pelo Pai:
1. Tratar com consideração um ao outro (1 Pe 3.7). Pedro diz que nossas orações são interrompidas quando não tratamos nossos cônjuges dessa forma.
2. Ser pró-ativo ao cultivar intimidade. Isto significa "fazer as coisas acontecerem". Tomar os passos necessários para gastarem um tempo juntos, só os dois. Talvez para isso seja necessário desligar a TV, mandar as crianças para a casa da mãe, ou deixar alguém tomando conta delas enquanto o casal vai jantar fora (se estiverem duros, façam um piquenique, comam sanduíches), vai passar um fim de semana na praia, no campo, etc. Há quem diga que isso é coisa de gringo. Não é! Em qualquer lugar do mundo, no passado, presente ou futuro, a intimidade sempre teve, tem e terá um preço para ser conquistada. Gastar tempo é um deles.
3. Disposição para compartilhar sentimentos íntimos com o cônjuge. No início, pode ser difícil, mas aos poucos, o desnudar-se emocionalmente, também passará a ser algo mais natural. A arte da comunicação vai sendo assim, aos poucos, desenvolvida.
4. Afeto e ternura freqüentes em momentos que não necessariamente terminem em relação sexual.
5. O fato do casal resolver seus conflitos, exercitar paciência um com o outro, reconhecer e
apreciar as diferenças entre si e, talvez o mais difícil, tornar-se vulnerável ao cônjuge, são atitudes que também contribuem para o desenvolvimento da intimidade do casal.
O tema deste artigo é sobre intimidade ou sobre o casal orar junto? Sobre o casal orar junto... mas abordei tão pouco sobre isso, não é? Sabe por que? Porque creio firmemente que a intimidade é o fator determinante para que um casal cristão consiga ter uma vida de oração eficaz. Por isso tomei o maior espaço possível para compartilhar alguns princípios que têm sido importantes em minha vida de oração conjugai, e oro para que eles também sejam valiosos para cada um de nossos leitores.
Chegar ao ponto de compartilhar do íntimo de nosso ser com o Pai Celestial, juntamente com nosso cônjuge, é um processo, é trabalhoso, mas as recompensas interiores tais como a perda do medo de rejeição e o alívio de poder ser autêntico (a) tornam-se bálsamos para toda família.
Fonte: Revista Lar Cristão - Ano 15 - número 62
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